Muita gente tem vontade de estudar fora nem que seja por um ou dois meses, mas fica com medo de enfrentar tantos desafios e novidades sozinho. Morar em um país diferente envolve mais do que falar a língua local e conseguir pegar um ônibus. É preciso abrir a cabeça e estar disposto a conhecer uma cultura totalmente nova e encarar situações que normalmente não aconteceriam na sua cidade. Fazer um intercâmbio, independentemente do país escolhido, do tempo previsto ou do seu objetivo (estudar o idioma, trabalhar, fazer pós, cuidar de criança…) é sair totalmente da zona de conforto e se jogar para o desconhecido.
Falando assim parece que é tudo difícil e você pode pensar “melhor ficar em casa mesmo”. Mas essa experiência vai te trazer muitos benefícios, alguns que você só acaba descobrindo depois que já voltou pra casa. Então, se ainda não criou coragem, acompanha aí nossas dicas e vê se coloca seu plano em prática logo!
Mas afinal, por que fazer intercâmbio?
1 – Você vai aprender muito e amadurecer também
A ideia de aprender e praticar um idioma já é o suficiente pra muita gente arrumar as malas e partir. Mesmo que você não volte fluente, só de destravar a língua, praticar 24 horas por dia e conseguir conversar com estrangeiros já é um avanço e tanto! Mas, por incrível que pareça, depois de uma viagem dessas, você vê que o idioma não é o aprendizado mais importante. A vivência de um país completamente novo vai abrir sua cabeça, te fazer refletir, ver que o mundo é muito maior que a sua escola, bairro, cidade e país, e isso te faz crescer e amadurecer mais rápido do que você imagina.
2 – Vai se tornar mais tolerante
Se já é legal sair do seu Estado e conhecer os costumes de outra região, imagina então saber como vivem as pessoas de outro país? O legal de um intercâmbio é que, além de vivenciar o dia a dia de quem mora lá, você ainda tem a oportunidade de conhecer pessoas de outras nacionalidades. Na escola que eu estudei inglês na Nova Zelândia, por exemplo, tinham colombianos, franceses, italianos, mexicanos, chineses, coreanos e japoneses e só de conviver com eles já consegui aprender bastante sobre essas culturas e perceber o quanto existem pessoas diferentes no mundo.
Lembro de uma chinesa que levava um lanchinho muito estranho pra comer no intervalo. Um dia ela viu que eu tinha esquecido e me ofereceu, mas insistiu tanto que eu tive que experimentar. Até hoje não sei o que era, mas parecia uma noz grande, mole e sem muito gosto, sei lá, bem estranho mesmo. Mas como eu ia dizer pra ela que era ruim ou fazer cara de nojo? – a mina me deu o lanche dela sem nem me conhecer direito!! Depois disso eu fiquei pensando: não é nojento, é questão de cultura, de costume! Nem todo mundo toma Toddynho e come Bisnaguinha como nós, e nem por isso eu tenho que considerar essa menina estranha e bizarra. Ela é normal na cultura dela, eu é que sou estranha!
O que quero dizer é que depois de conviver com pessoas tão diferentes e ver tantas coisas novas, você acaba revendo seus conceitos e passa a aceitar melhor aquilo que é diferente.
3 – Vai se sentir mais confiante e independente
A sensação de pegar um avião, desembarcar em um país do outro lado do mundo – que não fala sua língua – e ainda conseguir chegar até sua hospedagem é sensacional. Antes de ir, eu tinha medo e ficava horas olhando os caminhos no google maps, mas aos poucos fui aprendendo a me virar, pegar o ônibus pra ir à escola, voltar da balada de táxi ou até de busão, viajar pra um lugar novo no final de semana, ajudar uma amiga a trocar de homestay … tudo isso em um lugar onde eu não conhecia nada nem ninguém.
Depois disso, você entende que consegue fazer tudo sozinho e em qualquer lugar do mundo, passa a depender menos das pessoas por que já provou pra si mesmo que é capaz de se virar.
4 – Vai descobrir sua capacidade de comunicação…
Imagine um diálogo entre uma brasileira (eu, no caso) e uma francesa, as duas sem falar inglês direito e logo no primeiro dia do meu intercâmbio. O assunto era a falta de lixinho no banheiro da casa – não sei porque eu tinha que perguntar isso pra ela, mas ok.
A conversa aconteceu basicamente por mímicas (ao melhor estilo imagem e ação haha) e com algumas palavras soltas. Nós quase morremos de rir e no final eu entendi que essa é uma prática super comum em outros países – menos no Brasil – e que eu deveria jogar o papel na privada mesmo e o absorvente em algum outro lixo.
Moral da história: mesmo que você não saiba falar tão bem a língua, as pessoas vão te entender. Antes de ir eu tinha muito medo, pois meu inglês era bem travado e eu morria de vergonha de falar, mas lá eu vi que todo mundo tinha a maior boa vontade pra entender os estrangeiros, assim como nós fazemos quando um gringo tenta falar português. A família também ajudou muito, a mãe me corrigia quando eu falava alguma coisa errada e me ensinava o certo, assim como os meninos que sempre me ajudavam com palavras novas.
5 – … e sua capacidade de fazer novas amizades
Outro medo que eu tinha – eu tinha medo de tudo, já deu pra perceber, né?! – era não conseguir fazer amizade a tempo (seriam só dois meses) e ficar isolada nas aulas, não ter com quem sair e tal. Mas na boa, essa é a maior bobeira de todas! É impossível não fazer amizades, porque todo mundo está no mesmo barco: sem amigo, sem saber pra onde ir ou o que fazer, sem conseguir se comunicar direito e querendo aproveitar ao máximo.
Eu dei sorte de já ter feito amizade com a Melodie, a francesa, logo no primeiro dia, porque morávamos na mesma casa. Mas além dela, já arrumei companhia pra tomar cerveja ainda na escala do voo e, logo na primeira semana de aula, conheci pessoas que pareciam ser meus amigos desde sempre. Aliás, as amizades duraram muito mais que o tempo que fiquei lá e até hoje ainda tenho contato com alguns.
6 – E vai ver que as pessoas são iguais em todo canto do mundo
É estranho pensar que uma coreana tenha gostos em comum com você… mas tem! Se a faixa etária é a mesma (seja ela qual for), faz todo sentido que ela tenha interesse pelas mesmas coisas que você e todos os seus amigos têm: ela também ouve músicas – as dela, mas ouve -, ela também gosta de ir pra balada, de sair com os amigos, de estudar, de ler, de fazer amizades novas e de viajar.
Uma das coisas mais gostosas que aprendi no meu intercâmbio é que pessoas são pessoas em qualquer lugar do mundo e que elas vão sempre gostar do mesmo tipo de coisa, mas cada um a seu modo, sejam elas francesas, japonesas, italianas, colombianas, árabes ou brasileiras e, no final, é isso que une todo mundo.
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