7 fatos sobre o Sudeste Asiático que não aparecem nos guias de viagem

Sim, o lado negativo existe e ele é pouco divulgado. Fazer um mochilão pelo Sudeste Asiático nem sempre é tão simples e confortável quanto para outros países mais desenvolvidos. Não pela qualidade dos serviços, já que é super tranquilo encontrar hotéis, restaurantes e agências muito boas, mas pela dificuldade de conseguir realizar tarefas simples, como pegar um táxi, por exemplo, ou por noções básicas de higiene e honestidade que passam longe do que estamos acostumados. Concordo que, infelizmente, brasileiro não é o povo mais indicado pra discutir honestidade, mas de certa forma foi até bom encontrar tantos contrastes pra refletir e ver que coisas ruins também acontecem fora do Brasil.

Neste post nós listamos tudo que mais nos incomodou durante nosso mochilão pelo Sudeste Asiático e que com certeza pode atrapalhar o seu também. Não acho que esses pontos sejam suficientes pra você desistir de fazer essa viagem – até por que não tem como negar que ela é incrível! – mas porque achamos que vale a reflexão… é melhor ir preparado do que se surpreender negativamente depois, né?!

#chateados: O que ninguém te fala sobre um mochilão pelo Sudeste Asiático

1 – Dificuldade com o idioma

A comunicação é um ponto que pode complicar bastante as coisas pra você. Muita gente fala inglês por lá, mas a maioria só se comunica com o básico e ainda tem um sotaque beeem difícil de entender. Dá pra se virar bem, mas não pense que vai ser super fácil! Nos hotéis, restaurante maiores e pontos turísticos é de boa, mas pela rua a dificuldade é sempre maior e até mesmo pra negociar com os taxistas fica complicado. Pra quem gosta de fugir dos roteiros no esquema “turistão” pra conhecer melhor o lugar e economizar um pouco – como nós – as conversas podem ser mais difíceis… mas uma hora tudo se resolve, nem que seja com mímica! haha

2 – Preços abusivos

Garanto que você já leu algum texto dizendo que lá tudo é muito barato, não é?! Pois é, as coisas realmente são baratas se você souber negociar e tiver noção do quanto valem. Nas feirinhas de rua ou mesmo na hora de pegar um transporte, os preços iniciais que os vendedores te passarem NUNCA são os preços reais dos produtos. É preciso negociar muuuito pra chegar em um valor justo. Um exemplo: nos templos de Angkor, no Camboja tem muita gente vendendo guias com a história do local. Os preços começam em 20 dólares, mas se vc falar que está caro ou mesmo virar as costas e sair, eles começam a fazer novas ofertas até chegar ao preço final de – acredite – 1 dólar!! Também é bem comum eles perguntarem quanto vc quer pagar. Se isso acontecer, jogue o preço lá pra baixo pra poder negociar até chegar em um meio termo.

Nós passamos por isso muitas vezes e acabamos até pagando alguns preços absurdos, principalmente no começo, por não saber direito como lidar com isso. Pra quem está com um orçamento tranquilo pode até não pesar tanto, mas acho que o pior não é nem gastar o dinheiro, é pagar sabendo que está sendo enganado, entende?

3 – Tem muito lixo nas praias

Uma das coisas que mais nos impressionou negativamente durante nossa viagem foi a sujeira das praias da Tailândia. Tem muito lixo espalhado pela areia e também boiando no meio do mar… É de cortar o coração! O contraste entre o mar transparente, a areia branquinha e os restos de plástico espalhados pelo chão é gritante. Dá vontade de sair recolhendo tudo, aliás, nós fizemos isso em algumas praias, mas nunca seria o suficiente. E o pior de tudo é que o lixo é jogado pelos turistas, mas principalmente pelos próprios moradores de lá. A gente percebeu isso só de olhar para o quintal da casa deles, tinha lixo jogado pra todo lado, misturado com os brinquedos das crianças e a poucos metros do mar.

Parece que não existe muita consciência ambiental por aqueles lados. E aí você se pergunta: como será que vai ser daqui alguns anos? ….  É triste, muito triste! :(

Maia Bay, aquele paraíso do filme “A Praia” do Leonardo di Caprio e Loh Ba Kao Bay #chateados =(

     + Roteiro completo de Mochilão pelo Sudeste Asiático

4 – A desigualdade é gritante

É nessa hora que você percebe o tamanho da desigualdade social desses países. Neste quesito os brasileiros tiram de letra pq já estão mais acostumados, mas não tem como não se impressionar… É resort 5 estrelas de um lado e criança pedindo esmola do outro. Bem difícil!

5 – A exploração de animais é absurda

Muitas das atrações turísticas de lá envolvem animais, principalmente exóticos. É comum ver cobras enormes e lêmures (aquele bichinho fofo do filme Madagascar, sabe?) sendo exibidas para fotos; tigres que se comportam como gatinhos dentro das jaulas e elefantes que pintam quadros, jogam futebol e chegam ao extremo de pousarem para fotos pintados como se fossem pandas! Sim, nós vimos isso em Ayutthaya e ficamos tão chocados que não conseguimos nem tirar um foto de longe pra registrar. Ele ficava lá sentado o dia todo, com um olhar triste e o corpo todo coberto de tinta preta e branca.

Mercado Flutuante de Bangkok

Pior que isso são os elefantes que carregam turistas pra cima e pra baixo o dia inteiro. Os tratadores colocam cadeirinhas de madeira presas às costas do animal e ele fica subindo e descendo uma montanha enorme (nós vimos isso em Angkor Wat) ou andando em cercadinhos o dia inteiro. Agora imagine: já pensou como é a vida de um animal que faz isso 15h por dia, todos os dias da semana, debaixo de um calor de mais de 40°C e durante toda a vida? Isso sem contar que na maioria das vezes eles apanham se não obedecerem e têm o acesso à água e à comida restritos… Um dia desses saiu uma matéria no Catraca Livre mostrando que um desses elefantes morreu de exaustão por fazer exatamente isso que eu disse (leia aqui). O problema é que enquanto tiver turista pagando, vai ter gente explorando =/

6 – Dificuldade para conseguir um transporte (vale mais para Bangkok)

Pra quem viaja com um orçamento folgado pode até ser mais tranquilo, mas pra quem não gosta de gastar mais que o valor justo (como nós), pode ser um pouco mais complicado se locomover por lá. O melhor exemplo disso são os táxis de Bangkok: ninguém quer ligar o taxímetro – o que obviamente sai muito mais barato – e é preciso ter paciência e negociar com vários motoristas até conseguir algum que te leve pelo preço verdadeiro.

É comum eles te passarem um preço três vezes acima do valor real ou até se negarem a te levar por que não estão a fim de ganhar “apenas” o dobro da corrida. Isso aconteceu muitas vezes com a gente. Na primeira delas, quando íamos do centro para o aeroporto, o cara discutiu com a gente por que queria cobrar 800 B (!), sendo que o valor “normal” é 400 B e com taxímetro sai por 280 B, contando com 50B de taxa do aeroporto… é uma diferença absurda! E o principal problema nisso tudo, além de perder dinheiro, é gastar muito tempo perguntando e negociando com várias pessoas que não falam quase nada de inglês e estão claramente querendo te passar a perna.

Isso também acontece com os motoristas de tuk tuk, mas é um pouco mais fácil negociar. O problema é quando eles querem te enganar e levar para lugares diferentes do que você quer visitar, só pra passar em algumas lojas e ganhar comissão. Esse é o golpe mais comum de Bangkok! Aliás, falar de golpes no Sudeste Asiático é um assunto que rende bastante…

     + Quais vistos você vai precisar para fazer um mochilão pelo Sudeste Asiático

7 – Os golpes mais comuns

Tailândia

Pra você entender melhor este dos tuk tuks de Bangkok: o caras te chamam na rua, sorriem pra vc, perguntam de onde vc é e começam a puxar o maior papo. Depois perguntam para onde vc está indo e dizem que aquele lugar está fechado hoje ou que só abre no período da tarde, mas que podem te levar em outro templo super bacana, que não paga pra entrar e que ainda vão te cobrar um valor ridiculamente barato de 10 B (tipo, 1 real!). Só que na verdade o interesse deles é levar os turistas para lojas onde eles ganham comissão e o maior problema é que nessa vc vai perder um tempão e ainda correr o risco de não conseguir visitar os lugares que tinha planejado. Esse golpe é tão comum que o próprio Grand Palace tem um sistema de auto falante alertando os turistas e informando o horário correto de funcionamento do templo.

Vietnã

Por sorte nós não presenciamos nenhum golpe em Hanói, mas é bom ficar esperto. O mais “famoso” acontece na hora de te darem o troco: se vc paga com uma nota alta, o cara te devolve um troco muito mais baixo e alega que a nota que ele recebeu também era inferior, e o pior é que vc não tem como provar. Pelo que ouvimos falar, esse golpe acontece normalmente à noite, quando o pessoal já está mais alegrinho. Então a dica é ficar bem esperto e, de preferência, andar com o dinheiro sempre trocado.

Camboja

Lá rola um outro golpe mais pesado: uma mulher com uma criança no colo chega chorando, desesperada, pedindo dinheiro pra comprar leite para o filho. Não sei vc, mas eu ia ficar mto mal e querer ajudar na hora, e é exatamente este o problema. Ela te leva em uma loja e de fato compra o leite, mas ele custa algo em torno de 50 dólares (o que é uma fortuna na moeda deles). E o pior é que tudo é combinado com o dono do estabelecimento, que fica com uma parte da grana e dá o resto pra mulher. Pra vc ter noção da dimensão que a coisa tomou, nós vimos vários cartazes espalhados em restaurantes e outros estabelecimento de Siem Reap com uma campanha do governo explicando sobre o golpe e pedindo para que os turistas não colaborassem.

Pra refletir

Em plena Maya Bay, uma das praias mais famosas do mundo, nós encontramos essa quantidade enorme de lixo =/

Ao presenciar tudo isso e sentir na pele a dificuldade de ser um gringo em um país completamente diferente, foi impossível não fazer a comparação com o nosso país. Durante a viagem nós nos colocamos várias vezes no lugar dos turistas que visitam o Brasil e sofrem com a dificuldade na comunicação ou são explorados pelo simples fato de virem de um país mais desenvolvido. É triste pensar que isso acontece frequentemente por aqui (às vezes até entre brasileiros) e quase nada é feito a respeito. Por outro lado, paramos pra pensar e percebemos que esse negócio de dizer que “tinha que ser no Brasil” ou “ só aqui acontece essas coisas” não é verdade. Infelizmente a malandragem existe em todo canto do mundo, principalmente em países mais pobres como a Tailândia, o Camboja o Vietnã, o Brasil e etc…

Mas será que a justificativa é assim tão simples? Até que ponto os turistas também são responsáveis por esse tipo de realidade? Será que se nosso comportamento fosse mais exigente e menos passivo, as coisas seriam diferentes? Por que nos deixamos ser enganados ou incentivamos práticas com as quais não concordamos, mesmo tendo plena consciência disso? Será que se essas situações acontecessem no nosso dia a dia, e não durante as férias, nossas reações seriam outras? Por que o turista  sempre aceita tudo e paga preços abusivos, mesmo sabendo que são abusivos? O que você faz durante suas viagens pra mudar essa realidade?

PS: Apesar de tudo isso, quero deixar claro que nós amamos nosso mochilão pelo Sudeste Asiático e recomendamos a experiência para todo mundo que tiver vontade!  

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4 comments

Aline 20 de setembro de 2016 - 15:07
Muitíssimo obrigada pelas dicas e pelo relato detalhado da viagem! Vcs são show! <3
Lígia Antoniazzi 21 de setembro de 2016 - 02:33
Que bom que gostou Aline! =) Adoro receber comentários com feedbacks bacanas assim!! <3
Giulia 26 de julho de 2016 - 07:28
Passei por dois golpes no Vietnã. O primeiro era que eu estava caminhando em direção ao museu de guerra em Ho Chin Min e um cara de bicicleta ofereceu para mim e para meu marido levar a gente no museu e dar uma volta por uns 2 dólares. Eu achei estranho, ainda mais que já tinha passando por problemas com tuk tuk nos meus 4 meses na Tailândia, 20 dias em Laos e 20 dias em Camboja (todo esse tempo sempre tive problema com os transportes). Perguntei umas 3 vezes se o valor eram 2 dólares e eles confirmaram. Aceitamos e quando acabou o passeio queriam nos cobrar 50 dólares. E nos levaram para um lugar escondido. Ficamos com um medo horrível. E na maioria das vezes, eles fingem que não falam bem inglês, mas quando era para argumentar no final eles falavam perfeito. Eu como já falava fluente soube me defender e não pagamos, mas imagina quantas pessoas caem nessa. Nós tivemos que voltar andando e adivinhar onde nós estávamos. Recomendo a todos, não aceite esse passeio de bicicleta. Outro golpe em Hanoi, eu estava caminhando pela rua e vem uma mulher com um chapéu vietnamita vendendo frutas. Ela passa tudo pra mim e diz para eu tirar foto. Acreditei. E depois ela veio pra cima de mim falando que eu tinha que dar 5 dólares para ela. Do nada. Para viajar pela Ásia é preciso ficar de olho mesmo. Muito importante esse artigo!
Lígia Antoniazzi 26 de julho de 2016 - 18:19
Credo Giulia, que medo!! Sorte que não aconteceu nada mais grave e que vc conseguiu sair dessas, mas na hora dá mto medo pq a gnt não sabe o que pode acontecer né? Não conhece o lugar e tal... Tem que ficar esperto e negociar cada detalhe mesmo! Eles são mto malandros e fingem que não falam inglês mesmo.. tbm aconteceu com a gnt várias vezes! =/ Bjos
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