Tudo começou quando eu estava extremamente decepcionada com meu trabalho e não sabia o que queria fazer da vida. Trabalhava em uma empresa de comunicação corporativa, mas acordava todo dia pensando na hora em que ia voltar pra casa. Sofria todo domingo à noite pensando que ainda teria uma semana inteira pela frente e contava os minutos para o próximo feriado. Já tinha trabalhado em TV e jornal impresso, mas nada daquilo me brilhava os olhos. Pra mim, só fazia sentido trabalhar por que existiam contas pra pagar no final do mês.
Naquela época a gente já tinha o blog, mas ele ainda não era meu emprego, era só um projeto novo que podia ou não dar certo. Foi nesta mesma época que eu comecei a ler cada vez mais textos sobre pessoas que largaram empregos que não gostavam e foram atrás de seus sonhos, profissionais frustrados ou enlouquecidos pela rotina sufocante que tiraram um ano sabático e etc. E aquilo começou a fazer sentido pra mim…
No meu aniversário de 24 anos eu tive uma crise existencial (haha) e comecei a me perguntar e a dizer pra minha família que desde que eu tinha saído da faculdade eu estava vivendo no piloto automático. Todo dia eu acordava, ia trabalhar, voltava pra casa e dormia. E no dia seguinte era tudo igual…. (sei que exagerei um pouco, pq na verdade minha vida mudou MUITO nessa época. Foi aí que eu e o Ulisses fizemos nosso mochilão pela América do Sul, que eu me mudei pra São Paulo, que nós compramos nosso apê e que começamos a morar juntos!)
Mas ainda assim eu sentia que faltava alguma coisa…
Eu e o Ulisses começamos a conversar sobre isso cada vez com mais frequência. No começo eu queria simplesmente juntar uma grana e dar a volta ao mundo (meu sonho), mas isso não fazia sentido pra ele. Depois, conversamos sobre viajar fazendo trabalho voluntário, mas ele ainda não estava 100% decidido como eu. Ele concordava que não estava feliz com essa rotina e que queria dedicar mais tempo pra ele, pra nós e menos para o trabalho.
Filosofia do “corre moleque”
Foi aí que, conversando com um amigo, ele ouviu falar da “filosofia do corre moleque” (alguém grita corre e vc corre, sem nem saber o porquê haha). Falando em palavras mais bonitas, são aquelas obrigações que a sociedade nos impõem desde a infância: estudar, passar de ano, se formar no colégio, passar no vestibular, terminar a faculdade, falar inglês, arrumar um emprego, trabalhar, ganhar dinheiro, trabalhar, ganhar dinheiro, trabalhar, ganhar dinheiro, fazer uma pós, comprar um carro, pagar contas, trabalhar, ganhar dinheiro, trabalhar, ganhar dinheiro, trabalhar, ganhar dinheiro…
… e assim a vida vai passando e a gente nem percebe…
Começamos a nos questionar se era mesmo aquilo que queríamos. Por que tem que ser assim? De que adianta ter um salário ótimo, que sobre no final do mês, mas não ter tempo de gastá-lo? E quando tivermos filhos? Será que quando chegarmos em casa à noite eles já estarão dormindo e quando sairmos eles ainda não terão acordado? De que adianta gastar parte do nosso salário com médicos e omeprazol (o que já estava começando a acontecer com ele), ao invés de momentos com nossos amigos? E por aí vai…
Nós crescemos em cidades do interior de São Paulo e o ritmo de vida é bem diferente do da Capital. Apesar de todo mundo trabalhar da mesma forma, o trânsito é menor e as distâncias também. Então, se você sai do trabalho às 18h, você está em casa às 18h20 tranquilamente. E em São Paulo é difícil ser assim, mesmo pra gente que mora a 3 Km do trabalho. Isso sem contar as milhões de horas extras… quem trabalha 8h por dia é o diferente. O normal é ficar na empresa até completar 10, 12h de carga horária por dia (e eu falo isso por experiência nossa). Mas onde isso vai parar? Será que o dinheiro paga as horas que você perde longe da sua família?
Ok, até aí a gente concordava que seria bom pensar em alguma coisa enquanto ainda estamos começando nossas vidas. Não que depois não seja possível, mas na nossa cabeça é muito mais fácil vender tudo e arriscar enquanto ainda não temos filhos e podemos quebrar a cara.
As principais dúvidas
Mas aí vieram as principais dúvidas: e se não der certo? E quando a gente voltar? E se o dinheiro acabar e a gente voltar zerado? Imagina só largar tudo, sair pra viajar o mundo e depois voltar sem um centavo no bolso? Levamos mais alguns meses nesse processo de convencimento e não foi tão fácil responder as perguntas. Na verdade não encontramos respostas até hoje, mas já conseguimos entender que nós não precisamos delas agora. Que muita coisa pode acontecer, inclusive nunca mais voltar; ou voltar com a cabeça aberta pra encarar um trabalho novo e em um área diferente; ou até mesmo voltar e chegar a conclusão de que estávamos errados e vale a pena trabalhar 12 horas por dia…
Até que resolvemos conversar com nossos pais e, pra nossa surpresa, eles apoiaram logo de cara! Deram o maior incentivo pra gente ter uma experiência fora do país, aprender coisas novas, conhecer novas culturas, amadurecer e, se fosse o caso, recomeçar tudo… Por que não? Fome a gente não ia passar! hahaha E olha, não tem nada melhor que o aval da família nessas horas. Se meus pais fossem contra ou ficassem questionando muito eu acho que ia repensar.
O momento em que decidimos largar tudo e ir para a Austrália!
Decidimos então que o melhor pra nós seria estudar em outro país e morar um tempo por lá. Pesquisamos Canadá, EUA, Nova Zelândia e, por uma série de motivos que eu explico melhor em outro post, escolhemos a Austrália!
Nosso objetivo era fazer uma pós, mas como ainda não temos o inglês fluente, resolvemos que será melhor estudar inglês por um tempo e depois buscar outros cursos (pq a maioria exige os certificados CAMBRIDGE ou IELTS).
Não pense que foi fácil desapegar das nossas coisas, alugar nosso apê novinho com todos os móveis dentro, vender nosso carro e ficar longe de todos nossos amigos e família. Essa foi a parte mais difícil! Mas estamos buscando um sonho. Agora mais ainda, porque tenho o blog como meu emprego e posso trabalhar remotamente de qualquer lugar do mundo… Sou uma nômade digital! =) Finalmente consegui encontrar um trabalho que me complete e me faça acordar feliz e cheia de ideias todos os dias (até mesmo nos feriados e finais de semana). E o melhor é que podemos trabalhar juntos nisso, porque o Ulisses faz toda a parte de construção do site, diagramação, programação e também a contabilidade, além de dar boas ideias e escrever às vezes.
Qual é o plano para morar na Austrália?
Nosso visto saiu no dia 17/06 (aliás, dia em que eu escrevi este post) e embarcamos dia 7 de agosto! Conseguimos um Stop Over de uma semana em Santiago, no Chile, e depois seguimos para Sydney! *-* Ainda não temos casa lá, mas logo nas primeiras semanas vamos sair pra procurar um apê ou kitnet.
Além de continuar com o blog, nós vamos estudar inglês, trabalhar para nos manter lá e deixar a vida nos levar… Sim, nós vamos trabalhar! – pq só o blog ainda não é suficiente pra nós dois, infelizmente =/ – A ideia não é sair do Brasil para vagabundear pelo mundo (mas nada contra quem faz tá?! =p ). Sabemos que dificilmente encontraremos algo na nossa área logo de cara e que, provavelmente, vamos ocupar cargos simples (aquilo que os brasileiros chamam de “subemprego”, mas que lá tem uma conotação totalmente diferente e mais respeitosa), por isso, não vamos ganhar muito pra juntar dinheiro e fazer o famoso “pé de meia”: nem é o objetivo!
Aliás, acho legal dizer também que nós não decidimos sair do Brasil por causa da crise. Muita gente fala que está difícil viver aqui ou que o Brasil não tem solução, mas não é bem por aí… Concordo que a vida aqui está bem complicada, mas continuamos amando nosso país, nossas raízes, nossos costumes e principalmente nossa família que continua morando aqui! Desculpem o trocadilho, mas a intenção não é fugir para a Austrália para “se livrar do Brasil”, mas fugir pra Austrália para buscar novas experiências e amadurecimento. Ou seja, a gente iria com ou sem crise!
Vamos precisar trabalhar duro lá e com coisas que nunca pensamos em fazer por aqui. Vamos trabalhar para pagar o que for necessário para ter uma vida boa, mas simples. Não temos ambição de andar de carrão, esbanjar roupas caras, passar o dia de boa na praia e muito menos pagar de brasileiro ostentação no facebook. Não tem nada a ver com a gente! Queremos simplesmente seguir por um caminho que não nos foi imposto e claro, continuar viajando, curtindo um ao outro e aproveitando nossa vida.
Se for o caso, vamos ficar mais tempo. Se não for, voltamos com muitas histórias pra contar, bastante conteúdo novo pro blog, aprendizado de sobra e cabeça aberta pra começar de novo…
Se você se empolgou com a nossa história, continue acompanhando o blog porque nós vamos começar a postar muuuuitas dicas pra quem pretende morar fora, principalmente na Austrália! É só se inscrever na nossa News Letter (na foto da lhama, lá no final da página) e seguir nossas redes sociais: Facebook, Twitter, Instagram, Youtube, Pinterest.
Atualiazção: Em agosto de 2017 completamos 1 ano de Austrália! \o/
Achei legal escrever uma atualização deste post aqui pra quem ficou curioso… Nós já estamos morando aqui há 1 ano e somos completamente apaixonados por esse lugar! Já encontramos casa pra morar e tivemos problema. Já nos mudamos 3 vezes hahah, já arrumamos trabalho e saímos e encontramos outros… Já terminamos os cursos e melhoramos MUITO nosso inglês e já até renovamos nosso visto para mais 2 anos e meio! E eu falei sobre tudo isso em vários post ao longo desse 1 ano, olha só: Primeira semana, 1 mês, 5 meses (a época mais difícil), 10 meses, 1 ano.
Nós até montamos uma página pra reunir todos os posts que já escrevemos sobre a Austrália, tanto sobre nossa história aqui quanto com dicas pra quem está vindo ou sonha em um dia morar ou estudar aqui. Vale a pena dar uma olhada, ela está neste link.
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40 fotos de Sydney que comprovam o quanto essa cidade é linda!
Se você tem intenção de vir para a Austrália seja para estudar, trabalhar ou migrar, a melhor opção é sempre contar com a ajuda de profissionais especializados no assunto, por isso nós indicamos a Bravo Migration.
*Nós temos uma parceria com a Bravo Migration e este é um post patrocinado. Pra ser bem transparente com vcs, nós indicamos o trabalho deles não só por conta da parceria, mas também pq somos clientes e sempre tivemos uma boa experiência. Quem quiser saber mais sobre este tipo de parceria, é só dar uma olhada neste link.
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