Viajar sozinho tem lá suas vantagens. Você se conhece melhor, aprende a se virar, faz um monte de amigos, amadurece… Mas e quando você chega “NO” lugar, aquele que te toca de verdade e te faz ficar sem reação, e não tem ninguém pra compartilhar aquele momento que te fez cair o queixo? Quando nós chegamos a Machu Picchu foi assim, nem eu nem ele conseguíamos falar nada. Mas nem precisava… não tinha palavra capaz de descrever a sensação que tivemos naquele momento, então nós compartilhamos aquele silêncio incrédulo e continuamos em frente.
Na minha opinião, essa é a melhor parte de ter uma companhia pra viajar, mas uma companhia das boas. Alguém que, depois de certo tempo, passe a entender até o seu silêncio. E isso não significa que vocês precisem ser um casal, como nós. Essa mesma relação de compreensão e compartilhamento também acontece entre bons amigos.
Já dizia Christopher Mccandless, em Into the Wild: “A felicidade só é real quando compartilhada” e eu concordo plenamente com isso! Não sou contra viajar sozinho (já até fiz), mas sempre prefiro ter alguém do meu lado.
Por mais que seja fácil e delicioso fazer amizades (boas) viajando sozinho, mais cedo ou mais tarde aquela pessoa vai seguir o caminho dela e você o seu, e depois disso aquela cumplicidade vai se perder também. É claro que existem exceções, mas na maioria dos casos é assim. Eu mesma fiz uma grande amiga durante meu intercâmbio na Nova Zelândia, quase morri no dia de me despedir, e hoje nós praticamente perdemos o contato.
O mais legal é que quando você encontra essa companhia e a adota como Sua Companhia Oficial para Viagens, a relação de vocês vai ficando cada vez mais bacana. Você aprende a respeitar as vontades do outro, mesmo que sejam completamente diferentes das suas. Você aprende a ceder em alguns momentos, mesmo que não concorde 100% com aquilo.
Por incrível que pareça, a sua melhor companhia de viagem nem sempre é seu melhor amigo, seu marido, sua namorada, seu irmão. Ás vezes uma afinidade pode surgir onde você menos espera. Só pra dar um exemplo, conversando esses dias com um grande amigo nosso, ele nos disse: “nem eu acreditava que conseguiria viajar com esse cara! Ele é totalmente diferente de mim em vários sentidos, mas parece que durante as viagens a coisa se transforma e tudo funciona bem. Mesmo quando ele volta bêbado às 5h da manhã e eu quero acordar às 7h pra fazer uma trilha de bike…” hahaha
Ter um companhia de viagem não significa fazer tudo junto o tempo todo, mas ter alguém ali pra compartilhar aqueles silêncios que valem mais que um discurso inteiro, pra sentir na pele as mesmas queimaduras de um dia todo sob o sol, pra competir sobre quem ficou com mais bolhas nos pés depois de uma trilha histórica, pra tomar um porre com aquela cerveja quente e deliciosa, pra sentir o mesmo frio na barriga quando é preciso enfrentar os perrengues e, principalmente, pra ter alguém pra compartilhar as risadas depois que o pior já passou.
Encontrar uma companhia pra viajar é como casar com sua alma gêmea, sem necessariamente ter que dividir a mesma cama.
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