Pelo menos uma vez por semana a gente vê uma foto daquele amigo que foi morar no exterior e está se dando super bem… o cara posta várias fotos de praias lindas, viaja pra caramba, tá todo final de semana em uma festa sensacional e nunca parece triste! As pessoas ao redor são sempre bonitas, felizes e realizadas!! Mas será mesmo?
Por experiência própria, morar no exterior não é nem de longe esse glamour que aparece nas redes sociais! Todo mundo passa por uns perrengues (quando não vários) e nem sempre mostra… claro né? Vou ficar postando foto da marmita que fiz pro dia seguinte? hahaha – No Instagram e Youtube do Vamos Fugir a gnt posta! – Mas pode acreditar, o dia a dia aqui é bem diferente do que aparece na maioria do feed da galera que acabou de chegar… Aquele passeio na praia só aconteceu um dia na semana, o resto nós passamos trabalhando, estudando, correndo atrás de busão, se perdendo na rua, levando marmita na mochila, contando as moedas pra comprar um café, sentindo muita saudade de casa e assim vai… hahaha
É claro que existem muuuuitos pontos positivos de morar no exterior e não posso, nem quero, ficar só reclamando, mas acho importante mostrar a realidade de alguém que mudou de país e está recomeçando a vida do zero. Alguns dias são ótimos e em outros nós temos vontade de arrumar as malas e voltar pro Brasil (sim, mesmo depois de 3 anos aqui, às vezes ainda bate essa vontade! haha). Só pra você ter uma ideia, vou contar alguns dos “perrengues” que nós passamos desde que chegamos aqui. São relatos pessoais sobre a nossa vida na Austrália e que não necessariamente vão acontecer com você, mas não deixe de ter consciência deste lado negativo de morar no exterior antes de deixar seu conforto:
A realidade sobre morar no exterior que ninguém te conta nas redes sociais
1 – Trabalho duro e dinheiro contado
Pra começar que o custo de vida – pelo menos aqui em Sydney – é super caro e pior ainda quando você está convertendo de Real para Dólar. A solução pra isso é arrumar um emprego e começar a se bancar por aqui. Mas, por mais que a oferta de empregos seja bem grande e conseguir um não seja tão difícil assim, é um trabalho bem cansativo e desgastante. Nós até que arrumamos rápido, mas conheço muita gente que saiu entregando currículo de porta em porta e demorou meses pra conseguir alguma coisa.
E aí vem a segunda parte: não basta arrumar um emprego, tem que arrumar um emprego que pague bem e te dê horas suficientes de trabalho. Os salários aqui são pagos por hora e quem decide quantas horas você vai fazer é o empregador e não você. Por exemplo: no meu caso, quando eu trabalhava em restaurante e o movimento por lá estava tranquilo, a gerente sempre falava pra ir embora mais cedo, o que significa menos horas de trabalho e menos dinheiro recebido.
O mesmo acontece quando você fica doente e precisa faltar: você simplesmente não vai receber por aquele dia. É claro que quando você é registrado, algumas empresas pagam até férias, mas a maioria dos empregos que os estudantes arrumam (como em restaurante, obra, faxina e etc) é casual e aí é assim que funciona. Isso sem contar que é super comum trabalhar no final de semana – até porque os salários costumam ser mais altos – e aí não sobra tanto tempo de ficar de boa na praia.
2 – Encontrar moradia e aquela sensação de “não se sentir em casa”
Ainda relacionado ao custo de vida, a moradia aqui em Sydney é outro ponto que encarece e pode dar muita dor de cabeça. Eu já falei sobre como alugar um apartamento na Austrália neste outro post, mas não posso deixar de dizer que isso foi um dos pontos que mais nos incomoda aqui. Além de ser MUITO CHATO o sistema de aluguel com imobiliária em Sydney, é super cansativo ficar fazendo milhões de inspeções em apartamento que são lindos nas fotos e macabros pessoalmente.
Sem contar que você ainda corre o sério risco de não ser aceito pela imobiliária e ter que continuar procurando. Com a gente foi assim e posso dizer que é muito desgastante, principalmente quando você acabou de chegar, ainda está com jetleg, sem emprego e achando que o dinheiro que você trouxe do Brasil não vai ser suficiente.
Aí a opção é partir pra Share House (casa compartilhada), que é mais barata e fácil de conseguir, mas nada garante que as pessoas vão ser legais, limpas e respeitosas. Pode ser muito bom dividir apê e conhecer pessoas bacanas, mas pode ser muito ruim também. Conheço muuuuuitas histórias de pessoas que moraram em várias casas até encontrar uma em que se encaixasse e se sentisse em casa de verdade. É assim aqui na Austrália e acredito que seja parecido em qualquer outro país.
No nosso caso, a moradia foi o ponto mais negativo do nosso começo de vida aqui na Austrália: no Brasil a gente tinha nosso apê todo bonitinho e já estava totalmente acostumado à vida de casado. O problema é que, por causa dos preços, nós acabamos optando por dividir apartamento por um tempo. Poderia ter dado muito certo #sqn. Foram 4 meses em que sentimos muita falta do nosso cantinho e da nossa privacidade.
Por mais que o apê onde morávamos fosse bem tranquilo, nós não conseguimos nos sentir em casa até conseguir encontrar um cantinho só nosso. Mas até essa mudança foi meio traumática: fomos praticamente expulsos de casa, trancados pra fora. Teve até polícia na história. Foi um p%ta de um perrengue! Mas que a gente conta melhor nesse outro post.
E tem também um vídeo falando um pouco mais sobre isso lá no nosso canal do Youtube:
E só hoje, em nosso novo cantinho, podemos dizer de boca cheia “home sweet home” e dar risada – pra não chorar – de todo a confusão que passamos! hahahaha
3 – Pequenos confortos e luxos serão reduzidos aqui
Uma das coisas que mais sentia falta desde que cheguei aqui é de sair pra jantar ou ir num barzinho. No Brasil, a gente fazia isso todo final de semana, sem falta, e aqui a realidade é bem diferente. Depois que começamos a trabalhar e nos estabilizando financeiramente tem sido mais possível, mas nos primeiros três meses a gente nunca comia em restaurante, fazia mil contas pra poder ir numa festa e regulava cada sorvete que tomávamos na praia, porque é tudo muito caro.
A liberdade de ir e vir pra onde bem entende, na hora que quiser, também passa a ser diferente aqui. No Brasil a gente tinha carro, aqui precisávamos organizar nossos horários de acordo com os ônibus que tínhamos disponíveis. Por mais que o transporte público de Sydney seja ótimo, não dá pra comparar com a facilidade e o conforto de pegar seu carro e sair na hora que precisar. Hoje em dia (depois de alguns anos morando aqui) podemos dizer que já estamos muito mais adaptados à isso e que até já conseguimos comprar um carro – o que realmente facilitou nossa vida, mas aprendemos que aqui, o trem é a melhor opção para o dia a dia, principalmente se seu trabalho for na city.
4 – Dúvida constante
A gente vive se perguntando (e continuando sem resposta) sobre o que vamos fazer das nossas vidas. Não sabemos por quanto tempo queremos ficar aqui, nem se queremos ficar pra sempre. No começo, a gente dizia que não… A vontade sempre foi voltar para o Brasil, ainda que um milhão de dúvidas surgissem quando a gente pensava em se reestabelecer por lá (vamos voltar para o mercado de trabalho do qual a gente decidiu sair? Será que vamos nos readaptar?)
Mas como as coisas por aqui – graças a Deus! – vão melhorando com o passar do tempo, essa ideia mudou também… Hoje estamos no processo de aplicar para a residência e ficar. Talvez pra sempre? Talvez por um tempo? Talvez só precisamos ter uma “segunda opção” para nos dar a segurança de fazer novas escolhas? Talvez a gente mude de ideia?…. mas isso só o tempo vai dizer né?!
5 – Emoções à flor da pele
Antes de vir pra cá, alguém nos disse que tudo aqui era muito intenso, e é 100% verdade! Em um dia você está muito feliz e no outro já se sente completamente arrasado. Você fica muito mais emotivo, sensível e qualquer coisinha pequena já parece um problemão. O pior é que os sentimentos se misturam e é bem nessa hora que você sente mais falta da sua família, daqueles seus amigos mais próximos, da sua casa, do seu conforto e de tudo que você deixou pra trás.
Nós já passamos por isso mais de uma vez desde que chegamos na Austrália e tenho certeza de que todo mundo que mudou de país com uma situação parecida com a nossa já deve ter sentido o mesmo. Tem gente que é mais forte e aguenta o tranco, tem gente que fica arrasada por dias (como eu ficava no começo) e tem gente que aprende a lidar e ser mais forte em relação à cada probleminha (que é onde eu me encaixo hoje).
Não é fácil, não é confortável, não é bom, mas faz parte da vida e do aprendizado de quem escolhe morar no exterior. Raramente alguém vai postar foto dessas horas, mas pode ter certeza: elas existem pra todo mundo.
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