Cada escolha uma renúncia, isso é a vida. Não existe frase que faça mais sentido para alguém que escolheu morar no exterior. Quando se pensa em um país bem desenvolvido com emprego para todo mundo, níveis de criminalidade baixíssimos, qualidade de vida super elevada e com uma sociedade igualitária, fica fácil entender os porquês dessa escolha.
Falando especificamente da Austrália, onde nós moramos desde 2016, a comparação pode até parecer desleal. Apesar do salário mínimo ser o mais alto do mundo, das praias serem lindas e extremamente bem estruturadas e do transporte público ser confortável e pontual, no Brasil existe algo muito mais valioso e que faz 99% dos brasileiros se sentirem em dúvida…
Conheço muita gente que está na Austrália há alguns anos, já fala inglês, já tem trabalho fixo, casa, carro, amigos e mesmo assim toma a decisão de voltar para o Brasil. Tem quem julgue, diga que eles são malucos e que estão fazendo a escolha errada… Mas será?
Uma renúncia todo dia
Morar na Austrália – ou em qualquer outro país – é estar longe das suas raízes. Viver no exterior é sinônimo de começar do zero em um local onde você não fala o idioma (ou às vezes até fala, mas é reconhecido como estrangeiro logo na primeira palavra que pronuncia). É não conhecer as leis, as regras e não saber à quem recorrer (à não ser ao Google) caso algo grave aconteça.
Morar no exterior é não conhecer nada nem ninguém, é fazer novos amigos, é cuidar de si mesmo. É aprender a respeitar uma nova cultura, adaptar o paladar à novos alimentos e sabores, improvisar receitas, compartilhar dicas de produtos de limpeza…. É sentir saudade.
Aliás, saudade é algo que passa a fazer parte da rotina. Saudade do tempero, da música, do calor (tanto das pessoas quanto do verão), da cerveja gelada, da animação dos eventos e das pessoas que você ama.
Esta última na verdade é a parte mais difícil, pelo menos pra nós. Comida é algo que a gente se adapta, temperatura também. Idioma e regras a gente aprende, se informa. Festa, música, alegria e companhia a gente dá um jeito…. Família não.
Estar longe da família e dos amigos nos momentos de alegria, aquele almoço de domingo, café da tarde na casa da avó, comida quentinha feita com muito amor, aniversário de 80 anos do avô, casamento da melhor amiga. Isso não tem como substituir. Sem falar nos momentos de tristeza né…
Morar no exterior tem inúmeras vantagens e é, para muitos, uma escolha sem volta. Mas ela sempre envolverá muitas consequências e a mais difícil delas é seguir renunciando e se perguntando: como seria se eu escolhesse estar lá?
Para quem ainda não conhece nossa história, nós viemos para a Austrália em 2016 estudar inglês. Decidimos sair do Brasil porque não estávamos nada felizes com a rotina trabalho-casa-casa-trabalho e sentíamos que a tendência era só piorar. Chegamos com inglês intermediário, arrumamos trabalho, passamos alguns perrengues nada agradáveis e, depois de 8 meses, decidimos renovar o visto. Somos apaixonados por este país e por isso estamos buscando uma possibilidade de ficar aqui de forma mais definitiva. Enquanto isso, seguimos compartilhando nossas dicas sobre intercâmbio na Austrália e viagens que fazemos por esse mundão afora.
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