A viagem de Sydney para Adelaide, cruzando o Outback Australiano foi, sem dúvida, o rolê mais aventureiro que já fizemos na Austrália (na verdade acho que na vida!). Não se assuste se você não curtir viagens mais roots assim, também é possível fazer essa road trip de forma bem mais sossegada e eu vou te contar como neste post.
Para começar que essa road trip foi feita com uma Capervan Toyota Hyace ano 2000, carinhosamente batizada de Vanderleia e construída por nós mesmos. Nós também erramos em alguns (vários) momentos durante essa viagem pelo deserto da Austrália e vamos compartilhar esses erros aqui pra que vc não faça o mesmo.
Roteiro road trip Sydney para Adelaide – 15 dias de viagem
Entre erros e acertos, nosso roteiro de viagem pelo deserto da Austrália foi o seguinte:
- Blue Moutains – 2 noites (103km de Sydney )
- Warrumbungle National Park – 5 noites (350km de Blue Mountains)
- Cobar – 1 noite (390km de Conabarabran)
- White Cliffs – 1 noite (355km de Cobar)
- Menindee Lakes – 1 noite (250km de White Cliffs – por estrada de terra)
- Gol Gol – 1 noite (210km por estrada de terra)
- Broken Hill – 5 noites (325 km de Mungo National Park)
- Adelaide (516km de Broken Hill)
Mas como eu disse, nós erramos no planejamento do roteiro. Se vc não quiser fazer o mesmo, o roteiro ideal seria:
- Blue Moutains – 2 noites (103km de Sydney )
- Warrumbungle National Park – 4 noites (350km de Blue Mountains)
- Cobar – 1 noite (390km de Conabarabran)
- White Cliffs – 2 noite (355km de Cobar)
- Broken Hill – 2 noites (240 km de WC)
- Menindee Lakes – 1 noite (115km de BH)
- Mungo National Park – 2 noites (210km de Menindee por estrada de terra)
- Broken Hill – 1 noite (325 km de Mungo National Park)
- Adelaide (516km de Broken Hill)
Uma observação importante: entre Broken Hill e Adelaide tem cidadezinhas bem interessantes, vinícolas, muitas fazendas e campos de canola maravilhosos que valem a visita se vc tiver tempo para fazer sua road trip pela Austrália. Nós só não paramos por que viajamos em setembro de 2020 e as fronteiras dos estado de NSW e SA ainda estavam fechadas por conta do Covid, por isso seguimos direto para Adelaide, onde tivemos que ficar de quarentena por 14 dias.
O que fazer em uma viagem de Sydney até Adelaide
Blue Mountains
Blue Mountains National Park é um reserva gigantesca, cheia de trilhas, cachoeiras, cânions e lugares inacreditáveis pra conhecer! Como nós morávamos em Sydney, já fomos pra lá muitas vezes. Por isso, não vou passar muitas dicas sobre as Blue Mountains nesse post, mas esse lik que eu deixei é de um post super completo que a gente tem sobre essa viagem aqui no Vamos Fugir.
Warrumbungle National Park
Warrumbungle National Park é um Dark Sky Park. Existem alguns pelo mundo todo, mas esse é o único da Austrália e de onde se tem uma vista SURREAL das estrelas à noite – cheguei a ler até que é uma das melhores da TERRA!! Todo o parque e tbm a cidadezinha vizinha de Conabarabran tem luz indireta e isso ajuda a diminuir a poluição de luz feira pelo homem, o que facilita mto pra ver as estrelas e até a via láctea! *.*
Nossa primeira noite lá foi bem na lua cheia e como fica extremamente clara, não deu pra ver nada! Eu fiquei SUPER decepcionada… mas como ficamos mais algumas noites, na última já deu pra ver muito mais estrelas. Então fica a dica pra vc quando for planejar sua road trip de Sydney para Adelaide: dê uma pesquisada nas fases da lua antes de ir – a melhor é a Lua Nova.
O parque tem várias trilhas longas e outras mais rápidas. Nós fizemos uma bem curtinha chamada Wambelong Natural Track e (que é linda! E dura só 1h) e fomos de carro até o Whitegum lookout que é super massa também. Lá tem uma placa explicando como a região e todas as montanhas se formaram depois de uma erupção. Sim! Toda a região é formada por sedimentos de lava vulcânica!
Além disso, também é possível visitar alguns observatórios para aprender mais sobre astronomia e observar planetas e constelações pelo telescópio. Os principais observatórios são: Siding Spring Observatory, Milroy Observatory e Warrumbungle Observatory. É preciso fazer reserva com antecedência para qualquer um deles, mas nos sites vc encontra todas as informações.
Nós fomos no Milroy, pagamos $30 por pessoa e valeu super a pena. A dona do lugar (inclusive, o nome dela é Dona haha) é astrônoma e vai explicando tudo sobre o universo, os planetas e as galáxias enquanto a gnt olha tudo no telescópio. É muito interessante!! E como nós fomos em dia de lua cheia, ainda conseguimos ver a lua lindona e todos seus detalhes e crateras! Como se já não tivesse sido incrível, ela ainda tirou foto da lua pelo telescópio com o nosso celular.. olha o resultado:
Número de dias recomendados: de 3 a 5 dias
Valores que gastamos com passeios: AUD$30 (só o observatório)
Onde se hospedar: Dentro do parque existem vários campings como o Blackman Campground, que foi onde ficamos 3 noites. Ele custa $16 a diária, tem chuveiro quente e estrutura boa. Já o Wambelong campground – onde passamos a última noite – só tem um banheiro de fossa sem chuveiro. A paisagem é bonita, mas eu indico mais o primeiro.
Dica: é preciso fazer a reserva com antecedência pelo site oficial do parque.
Além disso, vc encontra várias opções em Conabarabran. Algumas sugestões que nos parecem interessantes são:
- Matthew Flinders Motor Inn
- Country Gardens Motel
- Azalea Motel
- Acacia Motor Lodge
- All Travellers Motor Inn
Saindo de Warrumbungle com direção a Cobar, nós passamos por Dubbo, uma cidade super bonita e bem estruturada que serve de hub pra muita gente que faz essa mesma rota de viagem de Sydney até Adelaide. Aliás, #ficadica : vale aproveitar para passar no supermercado, farmácia ou comprar qualquer outra coisa que vc pode precisar nos próximos dias, pq as próximas cidades do roteiro são bem pequenininhas e as opções ficam mais restritas.
Cobar
Uma cidade com menos de 4mil habitantes, já no Outback de NSW. Como estávamos de van, dormimos em uma rest area gratuita e com banheiro, bem na entrada da cidade onde fica a placa da mina. Pelo que vimos, é bem comum o pessoal dormir por lá, principalmente caminhoneiros.
A cidade é bem bonitinha, apesar de minúscula. Algumas casas do centrinho tem uma arquitetura bem tradicional e são uma graça! Mas o ponto alto do rolê é ver o sol de pôr no Fort Bourke Hill Lookout, que na verdade é o topo da mina que deu origem à cidade. Pelo que aprendemos lá, ela foi descoberta em 1870 e tem sido explorado desde 1890 (!) para extração de ouro e cobre. Com o tempo e a tecnologia de maquinário eles conseguiram ampliar bastante e ela ainda funciona até hoje.
Número de dias recomendados: 1 noite
Valores que gastamos com passeios: Zero, foi tudo de graça
Onde se hospedar: se vc não estiver viajando de motorhome ou não for tão roots quando nós fomos, essas são algumas dicas de hotéis:
White Cliffs
Com uma população de 103 habitantes, White Cliffs é quase uma vilazinha no meio do nada. Do NADA mesmo! Pra chegar até lá nós rodamos horas e horas sem ver nem sinal de civilização. A cidade mais próxima dali é Wilcannia, que fica a 73km (e cá entre nós, achamos bem esquisita). Lá vc vai encontrar um mercadinho bem pequeno e uma farmácia.
Já em White Cliffs, tudo que vc precisa tem na única vendinha da cidade, que também é posto de gasolina, mini mercado, loja de passeios e pizzaria às quartas de noite haha
Nós ficamos no único camping da cidade e gostamos da estrutura. Nada de mais, mais bem limpo e organizado. A diária custou $20 que podem ser pagos pessoalmente para uma senhora que passa todas as manhãs e noites ou depositado em uma “caixinha da honestidade” que fica lá na entrada. Eu achei isso muito curioso, pq na real o camping não tem uma recepção nem nenhum funcionário para te atender… é tudo na base da confiança mesmo!
White Cliffs entra na lista de paradas interessantes da Road trip de Sydney até Adelaide não só por ser um vilarejo, mas também por conta das minas de Opal (que extraem os preciosos e raros “pineapple opals”) e das casas subterrâneas. Isso mesmo, lá é tão quente que os moradores constroem casas embaixo da terra, são os chamados Dugouts. Pelo que nós aprendemos lá, a temperatura no verão pode chegar a 50ºC (!), mas dentro das “caverninhas” a temperatura fica sempre entre 20º e 23ºC. Parece até que tem ar condicionado, mas é 100% natural!
É possível fazer passeios para conhecer essas casas ou mesmo se hospedar em um hotel underground! A gente fez um tour por esse hotel e curtiu bastante, nem parece que fica embaixo da terra, a não ser pelas paredes.
Outra dica interessante de passeio em White Cliffs é visitar uma mina de Opal. Mas aí vai a dica: o único passeio da cidade sai do Red Earth Opal Cafe às 3pm, então é bom se programar para isso. Como nós não sabíamos e só tivemos uma noite na cidade, perdemos esse role. #chateada
Número de dias recomendados: 1 noite (desde que vc não faça como nós e se organize para o passeio da mina às 3pm hahaha)
Valores que gastamos com passeios: O tour pelo hotel subterrâneo custa $10 e o passeio da mina de Opal $25.
Onde se hospedar: o camping que nós ficamos é o Opal Pioneer Reserve (que não tem website), o hotel subterrâneo é o Underground Motel e tem também uma casa para alugar estilo dugout (!!), é a Fossickers Dugout Acommodation.
Menindee Lakes
Essa é a parte em que eu falei que nós erramos. Quer dizer, a primeira parte… Nós seguimos de White Cliffs até Menindee direto por uma estrada de terra loucamente esburacada e no meio do NADA. A visita compensou demais, mas o erro está em ter feito essa rota: pelo que descobrimos depois, é muito mais fácil e rápido seguir de White Cliffs até Broken Hill e de lá descer para Menindee, já que a estrada é muito melhor e o trajeto é mais comum entre os viajantes.
Fica a dica para o seu roteiro… Mas vamos seguir com as infos do lugar:
Menindee é uma cidade de 550 pessoas que serve de base para conhecer os lagos da região. É um verdadeiro Oásis no deserto, mas quando a gente foi só um dos lagos – o Pamamaroo – estava cheio. Segundo um Australiano que conversamos durante a viagem, essa região enfrenta uma seca muito severa e os lagos estavam todos secos há vários anos, vários peixes morreram e o turismo caiu na região, mas (por muita sorte) nós conseguimos curitr um deles cheio e bem lindo!
Às margens do lago formam-se algumas prainhas e é permitido passar a noite ali acampando ou dormindo no motorhome, e foi o que nós fizemos. A estrutura é zero: xixi no mato e banho de canequinha, mas a vista compensa demais:
Número de dias recomendados: 1 noite
Valores que gastamos com passeios: de graça
Onde se hospedar: Como disse antes, nós estacionamos à beira do lago e passamos a noite lá mesmo (de graça). Mas também existem opções de hoteis em Menindee.
Mungo National Park
O próximo erro da viagem hahaha O plano era passar duas noites por lá, mas nós não fizemos reserva do camping e acabamos quebrando a cara! Dentro do parque existem 3 campings e um hotel, o Mungo Lodge – que aliás, parece ser excelente! – mas todos estavam lotados.
Tivemos que seguir para Buronga – a cidade mais próxima, que fica a 106km do Mungo – e passar a noite lá. Ela é bonitinha e serve como base para quem prefere ficar em um lugar mais estruturado, mas parte da estrada até o parque é de terra. Nós ficamos hospedados no Rivergardens Holiday Park que tem tanto estrutura de camping quanto chalés de frente para o rio.
Não vou passar as dicas do que fazer em Mungo National Park aqui, pq afinal nós não fizemos né?! hahaha Mas se vc reservar com antecedência, sem dúvida vale muito incluir no seu roteiro de viagem de Sydney para Adelaide!
Broken Hill
Nós adoramos Broken Hill! É uma cidade no meio do deserto e afastada de tudo, mas incrivelmente bem estruturada e bonita. Lembra um pouco algumas cidades pequenas do interior de São Paulo, com praças e casinhas de muros baixos. Foi um dos pontos altos da nossa viagem de Sydney até Adelaide!
Broken Hill tem 21 mil habitantes e também se desenvolveu por causa da mineração, então grande parte das atrações turísticas são relacionadas à isso ou ao deserto. Abaixo vou contar os passeios que fizemos por dia para te ajudar no planejamento:
Dia 1
No nosso primeiro dia dirigimos 24km até Silverton, uma cidadezinha que parece cena de filme de tão pequena (tem 50 habitantes!) e com cara de velho oeste… mas na verdade ela não só parece de filme como é: lá foi filmado Priscilla Rainha do Deserto e Mad Max: Fury Road, tem até um museu com os carros e vários objetos usados na filmagem. A entrada custou $10 por pessoa.
Além de ir nesse museu e na antiga cadeia (que também virou museu), a ideia é dar uma volta pra ver as construções e tirar umas fotos. Aliás, a estrada de até lá é perfeita para tirar fotos clássicas como essa:
Perto de Silverton fica também o Mundi Mundi lookout, de onde a gente conseguir ver uma infinidade de terra sem NADA! O lugar é bem bonito e perfeito para fazer mais algumas fotos de estrada. Ah! Lá foi filmado uma parte do Mad Max também.
Dia 2
No segundo dia, voltamos para a região de Silverton para conhecer a Historic Daydream Mine, uma mina de prata desativada onde acontecem tours diários às 10h e 11h30. Ela foi descoberta em 1881 e chegou a ter 500 pessoas trabalhando simultaneamente. Hoje em dia apenas uma parte é aberta para visitação, mas a gente realmente desce e vai percorrendo os corredores escuros e aprendendo como era o trabalho naquela época.
No final, não deixe de experimentar os Scones da tiazinha (esposa do senhorzinho que é o guia), porque são os melhores da vida! O tour mais os Scones com chá custaram $41 por pessoa. No site deles tem mais infos.
Na volta, vale a pena conhecer o Line of Lode Lookout and Memorial,de onde se tem uma vista linda da cidade. O local foi construído em em 2001 para homenagear os trabalhadores que morreram nas minas de Broken Hill. A entrada é gratuita.
Outro lugar interessante no centro de Broken Hill é Silver City Mint, que é uma loja / fábrica de chocolate / exposição de arte / local onde fica a maior tela pintada à mão por um único artista do mundo! Antes de ir nós achamos que seria sem graça, mas no final curtimos pra caramba. A tela tem 100m de comprimento e 12 de altura e pra completar, eles ainda fizeram na frente uma maquete com animais e o solo do deserto representando cada região que a pintura mostra, é bem bonito. A entrada custa $7,50 por pessoa.
Dia 3
Vale super a pena conhecer o Living Desert State Park, um parque com 2.400 hectares, que foi construído como um santuário para preservar as espécies locais. Por lá existem várias trilhas onde é possível ver animais como cangurus de diferentes tipos, lagartinhos e até cobras, além de bastante vegetação típica do deserto. Nós fizemos a Sundown Trail que começa no estacionamento e tem 2.8km no total.
No fim da tarde, minha dica é assistir o sol se pôr no Living Desert Sculpture, um lookout onde foram construídas esculturas em pedra e a vista é incrível! É possível chegar tanto de carro quanto a pé por uma trilha de 900m saindo do picnic area.
Mais informações no site do Living Desert State Park.
Número de dias recomendados: 3 noites
Valores que gastamos com passeios: Foi o lugar onde mais pagamos passeios durante toda a viagem.
- Museu do Mad Max – $10 por pessoa
- Historic Daydream Mine – $32 por adulto (só o tour)
- Silver City Mint – $7,50 por pessoa
- Living Desert State Park – $6 de entrada
Onde se hospedar:
Nós ficamos em um camping sensacional chamado Starview Campsite, localizado dentro do Living Desert State Park (a 15 minutos de Broken Hill). Pagamos $20 por noite + entrada de $6 por pessoa. Eles têm banheiro com chuveiro quente e churrasqueiras públicas, além do céu mais estrelado de toda a nossa viagem! Para acampar lá é preciso fazer reserva com antecedência, mas neste link tem todas as infos.
Em Broken Hill também existem outros campings mais centrais e muitas opções de hotéis. Abaixo eu separei algumas opções interessantes:
- Royal Exchange Hotel
- Red Earth Motel
- Broken Hill Outback Resort
- The Lodge Outback Motel
- Gateway Motor Inn
Temos até um vídeo mto legal no nosso canal do YouTube que mostra os melhores momentos da nossa viagem de Sydney até Adelaide:
Espero que tenha gostado do nosso roteiro! Foi uma Road Trip incrível e uma daquelas que vai ficar pra sempre na memória!
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